Atropelamentos e causas

26-05-2010 11:38

 

A gravidade dos atropelamentos relaciona-se diretamente com as características físicas e com a dinâmica dos corpos que colidem um contra o outro. O fato de a energia cinética aumentar em proporção maior do que a velocidade do corpo confere aos atropelamentos conseqüências particularmente severas em decorrência da vulnerabilidade de um corpo diante de um veículo.

 

No mais freqüente tipo de atropelamento, cerca de 80% dos casos, o pedestre é atingido pela dianteira de um veículo. A idéia de que, em um atropelamento, o veículo .passa por cima. do pedestre não coincide com o que ocorre na maior parte dos casos. Situações em que o veículo passa sobre o corpo do atropelado podem ocorrer em casos como acidentes envolvendo ônibus ou caminhões. No entanto, a dinâmica do atropelamento mais provável é aquela em que o pedestre, após o choque com a frente de um veículo, rola sobre o capô e sobre o pára-brisa do veículo que o atinge. O que ocorre após o choque depende de uma série de fatores, dentre os quais a velocidade do veículo e a altura do pedestre em relação à frente do veículo e ao pára-choque

 

A parte do corpo em contato inicial contra o veículo (normalmente, os membros inferiores) no momento do choque acusa relação direta com a gravidade da lesão que o pedestre sofrerá. Praticamente todos os traumas e todas as fraturas que um pedestre sofre centram-se na região pélvica e nas pernas e são causados pelo contato com o veículo e não com o pavimento.

 

A probabilidade de lesões fatais é maior nos choques frontais do que nos laterais. Na ocorrência de choques em velocidade maior que 60 km/h, o pedestre, em geral, rola sobre a dianteira do carro após um segundo contato (provavelmente o da cabeça) com o veículo, com o corpo se dobrando e as pernas podendo atingir o teto do veículo. Em decorrência da força aplicada ao corpo no momento do choque, o corpo do pedestre ganha velocidade e esse movimento se acelera de acordo com a velocidade do veículo e, ocorrendo a frenagem (e este é, geralmente, o caso), o corpo do pedestre mantém a velocidade adquirida no momento do choque. Com a frenagem brusca, o carro reduz sua velocidade em uma proporção maior que a do corpo do pedestre. O pedestre é, então, arremessado adiante do veículo em desaceleração, antes de atingir o solo.

 

A possibilidade de o segundo contato ocorrer com a cabeça contra o carro aumenta na proporção direta da velocidade do impacto e em proporção inversa em relação à altura do veículo. A velocidade do impacto determina, também, o local do carro em que ocorre o choque da cabeça. Em velocidade que ultrapasse 50 km/h, virtualmente um pedestre sofrerá o impacto, tendo a cabeça como o primeiro ponto a se chocar contra o veículo.

 

Em crianças com idade abaixo de cinco anos observa-se preponderância de lesões na cabeça e no pescoço, e a explicação mais provável para tais lesões assim ocorrerem é atribuída à altura da criança em relação aos párachoques dos veículos envolvidos. A criança é atingida pelo pára-choque na parte mais alta dos membros inferiores e no tronco, que colide com a dianteira do capô.

A percepção de que quanto mais acelerada a velocidade do veículo, maior o dano imprimido ao pedestre, conforme os dois estudos a seguir: 

 

COMO MELHORAR A SEGURANÇA DAS CRIANÇAS?

 

Os acidentes de trânsito são considerados pela maioria da população brasileira uma fatalidade, algo que acontece ao acaso, ocorrência inevitável.

 

Porém, ao contrário do que se pensa, poderiam ser evitados 90% dos acidentes caso se adotassem medidas simples, baseadas na conscientização e na mudança de comportamento dos pais e dos responsáveis no cuidado com as crianças, dentro e fora de casa.

 

A segurança das crianças será obtida quando, respeitando-se os níveis de desenvolvimento infantil, adotarem-se estratégias direcionadas para promover a conscientização das pessoas sobre a segurança no trânsito e, se medidas como educação, cumprimento da lei e modificação do ambiente em níveis individuais e coletivos forem trabalhados com seriedade. Experiências mostram que estratégias associadas e aplicadas por meio de programas são mais efetivas que programas que usam uma única estratégia.

 

Embora a educação atue como ferramenta indispensável e importante para se despertar a atenção para os problemas e se obterem benefícios mesmo no curto prazo, sozinha a educação não se mostra medida suficiente para se prevenirem acidentes.

Tanto o cumprimento da lei quanto a modificação do ambiente são mais complexos e demoram mais para serem implementados, porém, são mais efetivos em mudanças significativas de comportamento e, em longo prazo, resultam em diminuição nos índices dos acidentes.

 

A segurança do pedestre é um problema complexo. Para a criança, o ato de atravessar uma via de trânsito inclui situações com dificuldades a serem uma a uma solucionadas e, para tais tomadas de decisão, cada circunstância parece ser a única e assim deve ser considerada.

Uma decisão de travessia inclui: a entrada ou não na rua, conhecimento do local da travessia, o caminho a tomar, a rapidez na travessia e a provável reação do motorista.

As habilidades preestabelecidas incluem não apenas o planejamento do caminho que a criança faz, para ir a escola, mas também a percepção do tráfego, incluindo a realização do julgamento a respeito da intenção da travessia e a habilidade de decisão que deve guiar essa criança no momento certo.

 

Para promover a segurança da criança como pedestre, foram desenvolvidas mensagens para os pais, responsáveis, professores e a qualquer pessoa da comunidade com iniciativa quando se trata de segurança das crianças como pedestres. Essas mensagens podem ser usadas em iniciativas educacionais, matérias para mídia ou outros esforços de conscientização pública:

 

1. O mais importante que se pode fazer para se ensinar um comportamento eficiente e seguro para um pedestre é praticá-lo, o bom exemplo é a melhor mensagem;

 

2. Crianças menores de dez anos não devem atravessar as ruas sozinhas. O acompanhamento de um adulto é vital até que a criança demonstre habilidades e capacidade de julgamento do trânsito;

 

3. Ensine as crianças brincando. Faça encenações com carrinhos de brinquedo, faça percursos com obstáculos no estacionamento. Torne o aprendizado divertido e ele será memorizado. Converse sobre regras de segurança e faça observações sobre comportamentos seguro e não seguro enquanto você caminha;

  

4. Ensine às crianças as regras da rua . comece desde cedo. Pense nisso como treinamento gradual sobre segurança oferecido às crianças até que todas as orientações sejam repassadas. Quando as crianças atingirem a idade de dez anos e puderem agir independentemente, as regras de segurança na rua já farão parte da sua natureza;

 

5. Ensine as crianças a prestarem atenção antes de atravessar em uma esquina sem semáforo;

 

6. Ensine as crianças a identificarem os sinais de travessia para pedestres.

Antes de atravessar, as crianças devem ter certeza de que o tráfego de veículos foi interrompido pela sinalização e devem fazer contato visual com os motoristas dos veículos. Lembre a elas que devem finalizar a travessia caso o sinal de pedestre mude para vermelho;

 

7. Entradas e saídas de garagens, quintais sem cerca, ruas ou estacionamentos não constituem locais seguros para as crianças brincarem;

  

8.Tenha certeza de que as crianças sempre usam o mesmo trajeto para destinos comuns (escola, padaria, praça, etc.). Procure conhecer os destinos da criança para identificar o caminho mais seguro. É sempre aconselhável escolher o trajeto mais reto, com poucas ruas para atravessar;

 

9. Ensine as crianças a importância de se respeitarem os agentes de trânsito e a compreenderem os sinais que esses agentes transmitem;

 

10.Uma lanterna ou materiais reflexivos nas roupas da criança pode evitar atropelamentos;

 

11.Ensine as crianças que sempre que possível elas devem andar na calçada.

Em áreas sem calçada, ensine que elas devem caminhar o mais afastadas da rua possível e de frente para o tráfego (quando a única opção for andar na rua);

 

12.Ensine as crianças sobre os riscos de atravessar a rua entre os veículos estacionados e nos cruzamentos. As crianças devem atravessar somente nas esquinas e nas faixas de pedestres, não atravessar diagonalmente ou entre os veículos estacionados, por trás das árvores e dos postes;

 

13.Olhar para os lados várias vezes antes de atravessar a rua. Atravessar quando a rua estiver livre e continuar olhando para os lados enquanto atravessa;

 

14.Utilizar a faixa de pedestres sempre que possível. Mesmo na faixa, a criança deve olhar várias vezes para os dois lados e atravessar em linha reta;

 

15.Compreender os sinais de trânsito e obedecer aos que determinam tais sinais;

 

16.Nunca correr para a rua. Ainda parado na calçada, olhar para um lado e para outro da rua. seja para pegar uma bola, o cachorro ou, por qualquer outra razão. Correr precipitadamente para a rua destaca-se como a causa da maioria dos atropelamentos fatais com as crianças;

  

17.Observar os veículos que estão virando nas esquinas ou os que estão fazendo a manobra marcha a ré;

 

18.Sempre que estiverem com mais crianças, é preciso caminhar em fila única;

 

19. Ao desembarcar de um ônibus, esperar que o veículo pare totalmente e aguardar que ele se afaste para ter uma visão de toda a rua e, comprovada a possibilidade, fazer a travessia.

 

 

Autor: Criança segura

 


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